Por Honorina de Almeida, Dra. Nina
Pediatra, doutora em desenvolvimento infantil e especialista em amamentação/ IBCLC

“E se te dissessem que existe um alimento para seu bebê, que é o MELHOR do mundo? Saboroso, nutricionalmente completo, composto por substâncias que ajudam a proteger contra doenças do presente e do futuro, que estimulam o desenvolvimento cerebral entre outras muitas qualidades e pelo qual você não precisa pagar nada! Você acreditaria? Pois este alimento existe: é o leite humano”.

Ouvi essa frase – muito provavelmente de uma maneira diferente – em algum congresso. Infelizmente não consigo me lembrar de qual palestrante, por isso menciono entre aspas. De vez em quando, lendo uma publicação ou outra, observo que ela ficou na memória de muitas pessoas. De um jeito ou de outro a reproduzem em suas redes.

Raras vezes vi uma definição tão adequada, bela e poética. No entanto, apesar do assunto amamentação estar presente no nosso dia a dia, poucas são as oportunidades que temos de nos aprofundar sobre o leite humano.

Quando decidimos organizar o evento de lançamento do Instituto Ery falando sobre o leite humano, a ideia principal foi colocar o tema em evidência e oferecer uma oportunidade para aprendermos um pouco mais sobre esse assunto tão complexo. 

Leite humano: alimento completo para os nossos filhotes

Nós, os humanos, pertencemos à classe dos mamíferos. Em outras palavras: produzimos leite para alimentar os nossos filhotes. Mas não é qualquer leite! A mulher da espécie humana produz um leite específico para o bebê humano.  Com capacidade para protegê-lo contra as doenças, de estimular seu desenvolvimento, nutricionalmente completo e  permitindo um crescimento adequado.

Assim podemos dizer que cada mamífero produz o melhor leite para sua espécie, que atende às suas necessidades. O bezerro, por exemplo, precisa rapidamente andar com suas próprias pernas, se fortalecer e crescer muito rápido. E o leite da vaca contém muita proteína para que seus músculos se fortaleçam rápido

Por outro lado, as prioridades do bebê humano são outras. Após o nascimento o bebê apresenta um grande desenvolvimento cerebral e precisa de um alimento que, além de alimentar seu corpo, alimente também seu cérebro. Perfeito! O leite humano contém alguns tipos de gorduras específicas (ácidos graxos essenciais como Ômega 3 e 6, entre outros) para esse fim.

Diferente do bezerro, o bebê não precisa andar após nascer. Ele será carregado por sua família, mas o cérebro precisa se desenvolver rápido, pois é base de todo o desenvolvimento.  Seu corpo cresce mais devagar, por isso o leite humano tem mais dessas gorduras que estimulam o desenvolvimento cerebral e menos proteínas que estimulam o crescimento do corpo.

Todo leite humano é igual?

Cada mulher produz um leite parecido, não igual. Sabe-se que o leite humano, assim como nosso próprio corpo é uma substância viva, mas que muda dependendo do ambiente onde a mãe vive, trabalha, qual alimento ingeriu e o que está vivenciando.

Se a mãe estiver mais estressada, mais calma, mais cansada ou mais relaxada, isso também influenciará na produção do leite materno. Além disso, o leite humano muda durante as 24 horas do dia. O leite materno da manhã é diferente do leite da tarde, que é diferente do leite da noite. Isso mostra a complexidade que é esse líquido. Certamente a indústria de fórmula infantil, por mais que tente, não vai conseguir – nem de longe – produzir um alimento que seja parecido.

Quais as fases e diferenças do leite materno?

As diferenças mais conhecidas do leite humano acontecem no início da vida do bebê. Após o nascimento, a mãe produz o colostro, também conhecido como a primeira vacina do bebê. Como a imunidade do bebê ainda não está bem estruturada, esse é um leite muito especial. Por meio dele o bebê recebe o capital imunológico de sua mãe, que vai ajudar a protegê-lo no início de sua vida.

Com o passar dos dias o leite vai se transformando para se adequar às necessidades do bebê.  

E você sabia que o sabor também vai mudando? Nos primeiros meses, o leite humano é mais adocicado pelo alto teor de lactose. Com o passar dos meses e espaçamento das mamadas, ele se torna um pouco mais “salgado” pelo aumento do teor de sódio.

Recentemente assisti a uma palestra promovida pela Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) com o tema “O glóbulo de gordura do leite humano”. E este é somente um dos inúmeros componentes do leite.

O assunto é vasto e complexo. Por isso, é desafiador escrever um único artigo falando sobre o leite humano e seus benefícios. Isso se deve muito às novidades que surgem a cada nova pesquisa sobre as novas propriedades.

Ainda temos muito a conhecer e vamos certamente nos surpreender cada vez mais!

 

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Criado por:

Honorina de Almeida - Dr Nina

Pediatra, Doutora em Desenvolvimento Infantil
Especialista em Aleitamento Materno/IBCLC
Sócia Fundadora da Casa Curumim e Fundadora do Instituto Ery