Você já parou para pensar em quantas vezes uma mulher precisa se dividir para caber em tudo o que esperam dela?Ela é o colo que embala, a mão que cozinha, a mente que antecipa o que falta, o corpo que amamenta, acolhe, carrega. Ela é muitas — todos os dias — e ainda assim, quando desaba, às vezes ainda ouve que está “cansada à toa”. A maternidade, tão enaltecida poeticamente, é vivida em silêncio por muitas mulheres que enfrentam exaustão, sobrecarga emocional, medo, culpa, solidão — e que continuam, porque precisam. Porque quase ninguém pergunta como elas estão de verdade.
Imagem relacionada à saúde mental materna

A mulher que cuida de todos, mas é esquecida por muitos

Desde o teste positivo, a mulher é vista como “forte”. Mas quantas vezes essa força é, na verdade, uma sobrevivência forçada pela ausência de apoio? Ela escuta: “Você vai dar conta.” “Ser mãe é assim mesmo.” “Pelo menos o bebê está saudável.” Frases que romantizam a dor, minimizam o sofrimento e abafam pedidos de ajuda. A saúde mental materna é frequentemente ignorada, tratada como capricho ou fraqueza, quando deveria ser prioridade em qualquer política de cuidado. Ela é quem mais cuida. Mas quando precisa ser cuidada, é invisível.
Imagem que ilustra solidão materna

A dor que ninguém vê (ou finge não ver)

Chorar escondida no banheiro. Sentir culpa por não estar plena. Achar que está falhando, quando, na verdade, só está esgotada. Essa mulher está em todos os lugares — e talvez, seja você. Muitas mães sentem-se sozinhas, mesmo rodeadas de gente, porque o mundo insiste em esperar que elas sustentem tudo: o lar, os vínculos, os filhos, a rotina, o emocional. Mas o mundo não sustenta essa mulher. Não é sobre não amar. É sobre não aguentar tudo. A saúde mental materna não entra em colapso porque a mulher não ama seu filho. Ela colapsa porque ninguém pode amar em paz quando não há espaço para respirar.
  • Rede de apoio verdadeira.
  • Divisão justa do cuidado.
  • Tempo para si.
  • Sono.
  • Escuta ativa.
Muitas mães estão doentes não por falta de amor, mas por excesso de exigência. Por viverem em um sistema que espera tudo delas e entrega quase nada em troca.
Imagem que representa cuidado com mães

Ser mãe não pode ser sinônimo de se anular

É urgente reconstruir como enxergamos e sustentamos a maternidade. Não basta dizer que “mãe é tudo”. É preciso tratar a mãe como alguém que também é tudo — e não apenas para os outros. Ela precisa:
  • De cuidado físico e emocional.
  • De acesso à saúde mental com profissionais capacitados.
  • De políticas públicas que olhem para o puerpério com seriedade.
  • De tempo para existir para além dos filhos.
Porque ser mãe não pode significar deixar de ser mulher.

O que podemos (e devemos) fazer por quem cuida

Se você convive com uma mãe, não espere que ela peça ajuda. Ofereça. Se você é profissional da saúde, escute com empatia, sem minimizar. Se você é gestor público, saiba: sem investimento em saúde mental perinatal, não existe cuidado de verdade. Se você é mãe, saiba: você não está sozinha. E o problema não está em você. O que adoece não é a maternidade. O que adoece é a solidão. A cultura da culpa. A ausência de partilha. O silêncio diante da dor.

Finalizando com o que importa: acolher é transformar

Cuidar da saúde mental materna é um ato de humanidade. É reconhecer que o mundo só gira porque alguém está doando tempo, corpo e alma para cuidar de outra vida. E quem faz isso merece ser sustentada por algo maior do que o amor materno — merece ser sustentada por uma comunidade de verdade, por uma política sólida, por um olhar que acolhe, não julga. Que possamos trocar o “dê conta” por “estou aqui”. O “você é forte” por “você pode descansar”. O “mãe é tudo” por “mãe também é alguém que precisa ser cuidada”. Cuidar de quem cuida é o primeiro passo para um mundo mais justo. E isso começa agora.

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Editorial Instituto Ery