A primeira mamada é um dos momentos mais importantes para o recém-nascido e sua mãe. O contato precoce com o peito, ainda na sala de parto, não apenas favorece a imunidade e o vínculo, como também é decisivo para o estabelecimento da produção de leite. Para os profissionais de saúde, conhecer os aspectos fisiológicos, emocionais e práticos dessa primeira mamada é essencial para oferecer uma assistência qualificada e humanizada.

Por que a primeira mamada é tão importante?
A primeira mamada favorece a liberação de ocitocina, hormônio que promove o vínculo e também auxilia na contração uterina, reduzindo riscos de hemorragia pós-parto. Para o bebê, é o primeiro contato com o colostro, leite rico em anticorpos, leucócitos, fatores imunológicos e componentes que estimulam o funcionamento do trato gastrointestinal.
O que é colostro e por que ele é valioso?
Produzido nas primeiras 72 horas, o colostro primeiro alimento do bebê é considerado a “primeira vacina” que ele recebe. Possui alta concentração de proteínas, imunoglobulinas (especialmente IgA secretória), lactoferrina, fatores de crescimento e componentes bioativos. Além disso, tem papel essencial na proteção contra infecções e na regulação do sistema imunológico do recém-nascido.
Contato pele a pele e amamentação na primeira hora de vida
A OMS recomenda que a primeira amamentação aconteça na primeira hora após o parto, sempre que possível. O contato pele a pele facilita a busca espontânea do seio pelo bebê, promove estabilidade cardiorrespiratória, regula a temperatura corporal e melhora os níveis de glicose no sangue.
Principais barreiras à primeira amamentação
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Separacão mãe-bebê após o parto
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Intervenções hospitalares desnecessárias
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Falta de preparo da equipe de saúde
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Desconhecimento sobre sinais de prontidão do bebê para mamar
Papel do profissional de saúde
O profissional deve:
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Estimular o contato pele a pele imediato.
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Evitar intervenções desnecessárias que afastem mãe e bebê.
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Orientar sobre os sinais de prontidão para mamar: busca do seio, movimentos de sucção, agitação, movimentos com a boca.
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Acompanhar a pega e corrigir se necessário, de forma gentil e acolhedora.
Pega correta: ponto crítico
A pega correta é decisiva para o sucesso da amamentação. O profissional precisa observar se o bebê abocanha a aréola (e não apenas o mamilo), se os lábios estão evertidos e se há sucção eficiente sem dor para a mãe. Pequenas correções, quando feitas com respeito, podem evitar dor, traumas e desmame precoce.
Como identificar dificuldades precoces
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Mãe relata dor intensa durante a mamada.
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Bebê com sucção ineficaz ou rápida demais.
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Presença de fissuras, sangramentos ou ingurgitamento.
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Bebê com perda de peso acentuada no 1º ao 3º dia.
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Necessidade de complementação sem avaliação adequada da mamada.
Como oferecer um atendimento qualificado
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Valorize o tempo da díade: não tenha pressa.
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Oriente de forma empática e não impositiva.
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Utilize linguagem simples para explicar a importância do colostro.
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Escute a mãe. Dúvidas e inseguranças fazem parte desse início.
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Evite julgamentos. Cada experiência é singular.
Considerações finais
Garantir que a primeira mamada aconteça com suporte, respeito e conhecimento técnico é fundamental para fortalecer o vínculo e a confiança entre mãe e bebê. Mais do que cumprir protocolos, é sobre oferecer acolhimento e orientação baseada em evidências.
Profissionais bem preparados fazem toda a diferença no início dessa jornada.
Fonte: World Health Organization. Implementation guidance: protecting, promoting and supporting breastfeeding in facilities providing maternity and newborn services. Geneva: WHO, 2018.
Imagens: UaCuida – Universidade Amiga das Famílias Cuidadoras
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